27 de agosto de 2012

Casamentos temporários



No Irã, para que um casal tenha um relacionamento mais íntimo, é preciso dispor de uma residência própria, pois sem um comprovante de casamento não podem se hospedar em nenhum hotel do país.

Sexo pago, ou prostituição, é então ainda mais difícil, mas a profissão mais antiga do mundo persiste também na terra dos aiatolás. Há ruas famosas como a Mirdamad, onde mulheres desacompanhadas, altas horas da noite, são vistas esperando um novo cliente. Estas, nem sequer podem mostrar o "produto", já que devem manter os padrões de vestimenta islâmica nas ruas.

Mas para tudo o que é proibido no Irã, há formas de se burlar a repressão. Algumas, inclusive, dentro da lei.

"Casamentos" podem ser realizados com prazo de validade constando no contrato, com o aval de um aiatolá. Estes contratos podem durar de poucas horas há vários anos, dependendo do interesse recíproco. Como é previsto pelo islamismo, todo casamento deve ter um dote, cujo valor consta no contrato. Viúvas ou mulheres que não tiveram "a sorte" de um casamento normal, sujeitam-se a estes casamentos temporários para arrecadar dinheiro para sua sobrevivência, tudo dentro dos preceitos xiitas. De posse de um contrato de casamento, os recém-casados podem hospedar-se em qualquer hotel e terem suas horas de união "estável" praticada sem nenhum inconveniente da polícia. Findado o casamento, ou melhor, a sua validade, o contrato é automaticamente extinto.

Naturalmente, devido a associação subliminar dos casamentos temporários com promiscuidade ou prostituição, famílias que desejam manter a reputação de suas filhas não autorizam este tipo de contrato. Elas (ainda virgens e sem terem realizado casamento anterior) nem podem optar por fazê-lo sem terem o aceite do pai por escrito. Uma vez que já tenham se casado, a autorização dos pais não é mais necessária.

No entanto, o objetivo dos casamentos temporários é muito mais abrangente, e pode constar em contrato que não haverá envolvimento sexual. Exemplifica-se casos como quando uma mulher e um homem sem parentesco precisam viver sob o mesmo teto.

Casamentos temporários também não precisam da conivência da(s) esposa(s) oficial(ais). No islamismo, um homem pode ter até 4 esposas, mas no particular caso da constituição do Irã, apenas quando a esposa consente (caso bastante raro na sociedade iraniana).

Em cidades como Qom, uma das mais religiosas do Irã, praticamente 100% das mulheres usam chador e não conversam com homens que não sejam seus parentes. Para que demonstrem o interesse de fazer um casamento temporário, o código é colocar o chador do avesso, ou seja, com a costura para fora. Interessados então fazem a aproximação e negociação... Como depois a conversa evolui eu não imagino, mas deve ser um papo bem estranho.




2 comentários:

  1. Salam Caroline, há duas semanas estou acompanhando com interesse o seu blog. Eu sou uma grande admiradora da cultura e do povo iraniano por isso crei este blog:
    http://azizamiran.blogspot.com.br/
    Nunca estive no Irã, e também procuro não debater sobre religião e política mas realmente aqui no Brasil as pessoas tem grande curiosidade de saber o que acontece de fato neste país tão controverso. Obrigada por compartilhar suas informações. Espero em breve visitar este lugar magnífico.
    Abraços!

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  2. Essa é uma das coisas que nunca imaginei pudessem existir no Irã! Mas lendo o blog por inteiro percebemos que muito pouco sabemos na realidade...

    Abraço.

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