28 de fevereiro de 2013

Beirute chique


Achei Beirute uma capital chique. A cidade, praticamente toda reconstruída depois da guerra civil, ainda cheira a tinta e tem um toque de França no ar.

A beira mar é preparada para uma boa caminhada no fim da tarde e os bares e restaurantes são convidativos. Há os estabelecimentos que falam inglês, mas muitos preferem o francês.

Uma grande surpresa foi ver a vida noturna agitada de Beirute. Bares e boates moderníssimos e extravagantes em um país com uma tensão religiosa sempre pronta para explodir novamente! Contrastes interessantes.

O museu de Beirute também é atração imperdível na cidade: National Museum of Beirute.
E não deixe de tomar um café com vista para as Pigeon Rocks!

Minha sugestão gastronômica imperdível para Beirut é ir em um dos restaurantes libaneses mais típicos e que possui franquias em diversos países como Inglaterra, Qatar, Sudão e Kuwait: o Assaha. Como é genuinamente tradicional, o restaurante não vende bebidas alcoólicas. Segue endereço:

behind al - Aytam Station - Aiport Street - Beirut
00961 1 450909
http://www.assahavillage.com


Corniche é o nome da beira mar de Beirute.

Prédios charmosos compõem o bairro de Achrafiye.

Mesquita Mohammed al-Amim

Pigeon Rock

Museu Nacional de Beirute,

22 de fevereiro de 2013

Arte de rua também em Qeshm



No bairro de Qeshm City onde fica o castelo Português, as casas e muros são pintadas com os destaques turísticos que a ilha oferece.

Em Teerã também escrevi e publiquei muitas fotos dos murais na postagem: "Arte nas ruas de Teerã (pinturas)". Alegra-me que no extremo oposto do país (Teerã está no extremo norte e Qeshm no extremo sul), a prática de pinturas pelas ruas seja a mesma.

Em uma pequena caminhada de menos de 500 metros, é possível ver muitas pinturas como estas abaixo:



Mulheres de máscara retratadas nos murais.

Os manguezais de Qeshm.

Portas e jardins tradicionais (observe que não há porta de verdade nesta pintura).

Senhor vestido de forma tradicional.

Embarcações que são utilizadas na ilha.

Flamingos que migram para a ilha.

As torres de vento da vila de Laft.

Torres de Vento
Valley of Stars a esquerda e tartarugas preservadas por ONG.

Cavernas

Há muitos camelos pela ilha também.

Pelas ruas do bairro simples, a arte está por toda parte.

Barcos de pesca retratados no muro e minarete sunita.

16 de fevereiro de 2013

Navegar é preciso, viver não é preciso



Esta postagem é dedicada ao meu pai, Jair, que ainda não navegou no Golfo Pérsico.



Há muitos estaleiros pelo Irã, de navios grandes e modernos aos mais antigos e tradicionais.
Em Qeshm, muitos estaleiros ficam ao ar livre e o visitante pode "entrar" no processo de fabricação.
Autorizados pelo vigia que ao lado morava, circulamos pelos esqueletos e barcos praticamente prontos.
A confusão de tábuas e máquinas espalhadas é grande, mas no meio desta bagunça surgem estes lindos barcos que são usados para transportar mercadorias (e contrabando) pelo Golfo Pérsico.

Disse-nos o local que para a construção de um único barco, são necessário 20 homens trabalhando por 1 ano, ao custo de 170 mil dólares, aproximadamente.

Com os transportes mais modernos através dos grandes navios, esta tradição já reduziu bastante sua importância, mas muitas famílias nas vilas ainda dependem tanto da profissão de artesão, quanto de navegador.

Omã é um dos países que certamente beneficia-se destes barqueiros, pois não exige visto a eles. Mercadorias diversas são trazidas dos países do golfo e dizem que também gasolina é contrabandeada para fora do Irã. Com um combustível tão barato no Irã, certamente um bom lucro devem tirar com as vendas.

Enormes barcos são construídos artesanalmente na ilha de Qeshm.

Do alto de um dos barcos a vista para os demais em construção. Em terra o vigia nos observava (de branco).

Para entrar no barco...

Eu, nosso guia, o motorista e o vigia em roupas tradicionais da ilha.


A hélice de um dos barcos.



Detalhe do casco do barco.

Parte superior do barco, junto a "sala do capitão".



Torre de vento (esquerda), reservatório de água, barco tradicional e mesquita sunita.

As crianças na ilha de Qeshm acompanham os pais desde cedo na vida de barqueiro.

Plataforma de petróleo de Omã que desprendeu-se de um navio e encalhou na ilha de Qeshm.



9 de fevereiro de 2013

A ilha golfinho



Qeshm (ou na pronúncia em farsi: "rechm"), é a maior ilha do Golfo Pérsico, localizada no estreito de Ormuz e pertencente ao Irã. Possui 135 quilômetros de comprimento e tem um formato bastante peculiar e apropriado: parece um golfinho!


São tantos golfinhos na ilha de Qeshm que o barqueiro fica perdido sem saber que grupo destes mamíferos seguir.


A ilha é pouco conhecida dos estrangeiros e é bom que continue assim. Patrimônio natural da UNESCO (ver site aqui), a ilha é rica em atrações naturais, culturais e gastronômicas. Em 2006, Qeshm foi declarada pela UNESCO um Geopark (geoparque), uma denominação para áreas geológicas com especial característica científica e beleza. Pouquíssimos parques no mundo possuem esta classificação.

A etnia predominante em Qeshm é árabe (e não persa como a maioria do território iraniano) e segue a vertente sunita do islamismo. A cor da pele dos moradores da ilha é bem mais escura, e alguns são notadamente descendentes de africanos (no passado, o Irã trazia escravos da África, principalmente da ilha de Zanzibar, na Tanzânia). As roupas também distinguem-se do resto do país: os homens com longas roupas brancas e lenço na cabeça, e as mulheres com chador mais colorido e máscaras na face.

A comida é claramente uma mistura das navegações intercontinentais, tradição milenar na ilha. Muita canela, cravo da índia, cominho, pimenta compõem o tempero dos pratos a base de frutos do mar. Em Qeshm é possível encontrar polvo e outros animais marinhos na culinária, já que os sunitas não têm restrições religiosas (os xiitas não podem comer peixes que não tenham escamas, por exemplo). Comi refeições deliciosas, como uma que era uma espécie de "carreteiro de peixe": arroz, peixe, batatas, cenoura, uva passas, cravo da India e bolinhas de pimentas não moídas, compunham o prato que tinha uma coloração avermelhada, provavelmente de outros temperos que não identifiquei. Muito bom!

Arquitetura e história também se espalham pela ilha. Uma ruina a ser visitada é um antigo castelo português, dos tempos das navegações. Vilas espalham-se pela ilha e moradores afirmam distinguir pelo sotaque de cada um, de que vilarejo vem a pessoa. Várias construções são bastante curiosas: por todos os lados, mesmo em lugares desabitados, encontramos uma espécie de "iglu" de tijolos. Esta estranha arquitetura abriga a maior preciosidade dos habitantes: água potável captada da chuva. Para apreciadores da engenhosidade dos persas, ainda temos para observar as torres de vento nas residências: enormes "chaminés" que servem para fazer o vento esfriar e circular nas casas. O acabamento destas torres é mais beleza a ser contemplada.

Ademais, as belezas naturais da ilha são uma grande lista a ser feita: manguezais navegáveis, desertos, cânions esculpidos pelos ventos e chuvas, cavernas de terra e de sal (a maior do mundo com 6,8 km), pássaros, golfinhos, peixes e tartarugas são as atrações principais. Há uma ONG só para cuidar das tartarugas que se reproduzem na ilha. Hoje, os moradores são proibidos de comer os ovos das tartarugas (uma prática antiga na ilha). No entanto, se provado que o morador possui alguma doença específica, poderá receber alguns ovos para sua dieta e cura, disse-me uma atuante da ONG que também confessou ter comido ovos de tartaruga a vida inteira até o ano de 2003, quando então entrou na instituição.




Char Kuh Canion

Tentando subir no alto do Star Valley: o riso é de medo!

Iranianas posam comigo para foto.

Culinária de Qeshm: arroz, peixe, uva passas e especiarias.

Dizem que no passado, haviam 365 depósitos de água nesta vila (buracos destacados no chão):
um para cada dia do ano. 

Vista de uma das vilas da ilha. As torres de vento destacam-se no cenário.

As torres de vento são "ar condicionados" naturais para as casas.
Além disso, cada torre tem acabamentos distintos um do outro.

Depósitos de água espalhados pela ilha captam e mantêm a água das chuvas para os habitantes.

Tradição comum para as noivas (que pintam pés e mãos completamente), a arte da henna em Qeshm provavelmente foi trazida das Índias.

Na tradição da ilha, mulher casada deve usar máscara.






2 de fevereiro de 2013

Kandovan - a capadócia da Pérsia



Não há dúvidas que a Turquia sabe vender bem o seu peixe quando o assunto é turismo.
Hotéis de luxo, pacotes com guias em português, passeios de balão pela Capadócia turca. E agora até uma novela da Globo promove gratuitamente o turismo por lá. Bacana e prático para os que querem um turismo sem complicação.

Infelizmente o Irã não possui todas estas maravilhas em estrutura e ainda conta com o preconceito da população mundial. Porém, para quem quiser ver algo bem original, convido os leitores para uma visita à Capadócia Iraniana: Kandovan. Digo original, pois nestas cavernas ainda vivem famílias e você poderá andar pela vila vendo como gerações há centenas de anos vivem por lá e como provavelmente era a Capadócia Turca antes (hoje, na Turquia, os antigos moradores já não vivem nestas cavernas). Escadas muito ingrimes ligam as casas umas às outras. É preciso ter um bom preparo para andar por toda a vila. Admirei-me ao ver pequenas crianças, ainda aprendendo a andar, subindo e descendo a ribanceira sozinhas. Imaginei ainda como deve ser no inverno, com neve e gelo por todas as escadas... Um perigo de morte evidente para as pessoas mais idosas, mas que não parecia ser obstáculo nenhum na vida cotidiana da vila. Não há praticamente corrimão.

Muitas cavernas também são lojinhas de artesanato e até casas de chá. Não é difícil encontrar um morador que o convide para ver sua casa/ caverna por dentro também. Há ainda cavernas que abrigam os animais dos moradores: cabras e burricos passam suas noites protegidos do calor e do frio externo, e também dos animais selvagens da região. Passando por estas cavernas específicas, o odor não é dos mais agradáveis.

Pouco antes de chegar a Kandovan, o viajante poderá notar a esquerda da estrada um condomínio ainda sem casas e com aparência de abandonado. Esta foi (ou será?) uma tentativa do governo de tirar as famílias das cavernas e colocá-las em casas tradicionais para tornar o lugar algo mais parecido com a Capadócia turca. Porém, as famílias já se uniram contra esta "reforma" em suas vidas. Querem ficar nas cavernas!

Kandovan não tem passeio de balão, mas dispõe de um dos hotéis mais interessantes do Irã: um hotel feito em um conjunto de cavernas da pequena vila. Quando convidei minhas amigas para viajarmos e dormirmos na caverna, a expressão delas não era das mais felizes. No entanto, que bela surpresa todas nós tivemos, com uma caverna privativa, bem equipada, com uma cama de casal, duas de solteiro, uma pequena cozinha, sala com TV e banheiro com jacuzzi. O restaurante ficava em outra caverna, subindo alguns lances de escada por fora da montanha. O hotel dispõe de poucos quartos, mas planeja uma ampliação. Para garantir um quarto em um final de semana, é fundamental uma reserva antecipada. Estrangeiros são poucos, mas os próprios iranianos valorizam muito este turismo exótico ao passado.

A Capadócia iraniana fica ao sul de Tabriz, a uma hora de carro. Para chegar lá, o viajante passa pela cidade de Osku, onde recomendo uma visita a fábrica de lenços de seda. Esta fábrica não é preparada para visitas turísticas e a "linha de produção" é bastante artesanal, para não dizer caótica. No entanto, todos que ali trabalham recebem bem o viajante curioso e ansioso por umas comprinhas. Os lenços desta fábrica são para exportação e só é possível adquiri-los no Irã diretamente na fábrica. Lojas de lenços em Teerã vendem praticamente tudo "made in China". As sedas iranianas não conseguem competir no mercado interno com os produtos chineses.



Vista da cidade de Kandovan


Kandovan Laleh Rocky Hotel


Fábrica de lenços de seda na cidade de Osku. Após serem pintados e lavados, são deixados no sol para secar.

Depois os lenços são dobrados e passados.

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