19 de maio de 2012

A aventura de pagar uma conta no Irã


Ter dinheiro não é o suficiente para você ter suas contas pagas no Irã. Estamos falando de um dos países que hoje (sobre)vive sob as maiores sanções econômicas do mundo.
Esqueça cartão de crédito e qualquer tipo de operação para trazer ou enviar dinheiro do exterior. Turista que não vem preparado (digo: que não vem com dinheiro cash no bolso) e precisa fazer um gasto a mais já era. Perdeu! Não existe como sacar dinheiro de qualquer espécie. Esqueça operadoras como a Western Union. Esqueça caixas eletrônicos para saque em débito. Hoje, qualquer dinheiro externo só entra no Irã nos bolsos das pessoas.

A coisa está tão crítica que as lojas de tapetes, que aceitam cartão internacional através do envio dos números por telefone para um "primo" em Dubai cobrando uma taxa extra de 5%, estão agora aceitando até fiado. Explico: vendem e entregam os tapetes com um "acordo de cavalheiros". O turista ao retornar para seu país faz um depósito para uma conta do iraniano, conta esta fora das fronteiras da Pérsia, como em Hong Kong, Bangkok, etc. Confiança máxima no freguês.

Curiosamente, o Irã é um dos países que mais possuem bancos próprios. As agências são tantas que já nem as enxergo mais. Para todo lado que se olha há um, dois, cinco bancos. E não vi nenhum com porta com detecção de metais ou seguranças preparados. Mesmo nas agências com câmbio de moeda estrangeira a segurança é mínima. Eventualmente vejo precárias câmeras que não acredito que funcionem sempre. O crime não chegou por aqui e as pessoas contam dinheiro nas ruas.

Entro hoje no banco para pagar um conta: minhas aulas de inglês. O colégio bem que aceita as modernas formas de pagamento: cheque e cartão, porém só os dos bancos iranianos. Não aceita dinheiro e sou obrigada a ir no banco para fazer um depósito. Minha primeira dificuldade é na máquina para tirar a senha. Há 6 botões e as explicações estão em farsi. Desisto. Chego para uma das atendentes que reclama apontando para a máquina de tirar senha. Balanço a cabeça e digo simplesmente "no farsi", colocando o número da conta, o dinheiro para depósito e minha identidade de estrangeira sobre o balcão. A atendente joga então um formulário para eu preencher e adivinhem? Estava em farsi. Digo novamente "no farsi". Parece não entender minha dificuldade... Contrariada ela preenche o formulário de depósito e depois lê em voz alta o que foi preenchido para eu conferir (!!!). Obviamente não entendo nada, mas confirmo com a cabeça. Assino o papel e torço para que tudo tenha dado certo.

Meu formulário de depósito que depois entreguei na escola de inglês.


Conta de telefone.

Conta de energia elétrica no Irã. A única coisa escrita no nosso alfabeto é o "kWh".





3 comentários:

  1. Nossa Carol, essa não foi fácil, ein?!

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  2. Pelo jeito, o mal atendimento nos bancos não é só aqui no Brasil... é algo realmente mundial!

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    1. Verdade, mas no Brasil você ainda consegue reclamar em português.
      No Irã, só falando farsi, pois nem inglês funciona: poucos falam outra língua (como no Brasil: só quem tem dinheiro para pagar cursinho privado fala inglês).
      Abraço!

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