17 de junho de 2011

Dia 12 de junho não é dia dos namorados no Irã



Fui encontrar com meus amigos iranianos e achei estranho encontrar uma das mulheres toda vestida de preto. Não que preto seja algo pouco usual no Irã, muito pelo contrário, mas há muitas pessoas que evitam esta cor. Preto por aqui não emagrace e sim entristece de tanta gente que usa.
Então, papo vai, papo vem, uma das colegas perguntou o motivo do uso do preto... "A de preto", de forma vaga e um pouco cínica, respondeu-nos que perdeu algo muito importante 2 anos atrás no dia 12 de junho...

Precisei da ajuda dos universitários para matar a charada: 2 anos atrás foi a re-eleição do atual presidente. Então fui advertida para evitar circular na Vanak Square, uma área de fácil alcance de onde moro e onde normalmente as pessoas se reúnem para protestar. Explicaram-me que os protestos são geralmente do tipo sem violência e mudos (ninguém fala nada). E dia 12 de junho seria muito provável de acontecer algo. Claro que já sabendo disso o policiamento também aumentou na data e pelo que eu saiba os poucos protestos que se iniciaram foram rapidamente dispersados pela guarda.

Aqui o movimento oposicionista é chamado "movimento verde". Já sabendo disso, evitei a compra de roupas com esta cor para trazer para o Irã...
Confesso que deu uma curiosidade de ir lá na Vanak no dia 12 e ver se iria acontecer alguma coisa, mas achei prudente esquecer e comemorar a data pelo seu significado brasileiro.

No encontro seguinte todos se perguntavam se "tinham ido fazer compras" no dia 12... A Vanak é também um centro comercial, o que justifica a passagem por lá para umas "comprinhas"...


Para saber mais:
http://www.insideiran.org/media-analysis/green-movement-holds-silent-protest-urges-more-demonstrations/

http://wagingnonviolence.org/2009/06/dont-give-up-on-nonviolence-in-iran/

PS: cabe destacar que na noite de véspera do dia 12, também se ouviam gritos das janelas dos apartamentos com frases do tipo "Deus é grande" (em farsi, óbvio!) e outras do gênero. Naturalmente os manifestantes gritam ocultos na escuridão. Esclareço ainda que esta particular frase foi lema da revolução de 1979 e tem sido usada nos dias atuais.

2 comentários:

  1. Olá Carol, parabéns pelo blog... estou horas aqui acompanhando as suas histórias de uma forma muito agradável de ler... parabéns!!! O que você me sugere? Eu gosto de fazer viagem por terra, adoro atravessar fronteiras... Este ano fiz Turquia para Syria e Syria para Libano. Para 2012 eu quero fazer Egito Syria (terei que passar pela Jordania), (terei que passar pela Turquia) e Irã. O que você me sugere como voltar para o Cairo de onde sai o meu avião para São Paulo. Lembrando que gosto de fazer tudo por terra, porém para voltar, sempre pego um avião. Penso num viagem econômica, mas não mochileiro... agradeço e muito as suas dicas que possa me dar... pois como você sabe trata-se de trechos sem muitas informações e que são poucos estrangeiros que tem feito ultimamente... Geralmente faço de ônibus... pois não sei como seria alugar um carro no Cairo e devolver em Teerã. Abraço e obrigado. Marco Aurélio

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  2. Há várias opções de ônibus para entrar ou sair do Irã, porém nunca fiz nenhum trecho eu mesma. Alugar carro é complicado no Irã, pois normalmente eles o fazem apenas com motorista incluso. Não há empresas internacionais para aluguel de carro e nem tampouco opções de pagar com cartão (devido às sanções). Dentro do Irã você tem a opção de viajar de trem também. É bastante barato. Para a pernada Irã - Cairo eu sugiro ir de avião. Abraço!

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