20 de fevereiro de 2015

Com ou sem anestesia?


O sistema de saúde nos Estados Unidos é bastante "peculiar". Eles não tem hospitais públicos e consultas médicas são absurdamente caras. Entre meus amigos estrangeiros, o ponto que eles mais citam como negativo nos EUA é a assistência médica.

Uma amiga sul coreana levou seus 2 filhos para o dentista. Eles estavam com muitas cáries e para fazer o orçamento das obturações, um dos itens "opcionais" era o uso de anestesia! Ela me contou muito chocada que com a "anestesia opcional" o orçamento para tirar as cáries de apenas um de seus filhos ficou em 700 dólares. "Na Coréia do Sul eu não pagaria mais de 50 dólares para um procedimento como este." - afirmou.

A minha experiência com a medicina até agora foi com os oftalmologistas. Eu precisava comprar novas lentes de contato e não aceitaram a minha receita do Brasil. Motivo? Não continha a indicação da MARCA de lentes de contato que eu tinha que usar. Argumentei que eu me adaptava a qualquer marca e que normalmente o preço era o fator decisivo, mas não teve jeito. Preço da consulta: 160 dólares! E você recebe receita separada para óculos e lentes de contato. A última "cereja no bolo" foi me avisarem que a receita "expira" em 12 meses. Então não adianta que eu não sinta necessidade de aumentar meu grau, se eu quiser novas lentes de contato no próximo ano, eu tenho que pagar nova consulta.

No berço do capitalismo, a sua saúde e sua vida são mais um produto a ser explorado. Dentre as bizarrices deste modelo, elenco o que me chama a atenção:

- todo intervalo de televisão tem propaganda de remédio. Começam informando das maravilhas do remédio, sugerindo que o paciente peça ao seu médico para receitar o medicamento e depois, da metade em diante, a propaganda é só advertências e efeitos colaterais possíveis lidas rapidamente e com o ator em lindas paisagens na natureza ou no seu lar com a família feliz. 
- quando não tem propaganda de remédio, tem de de seguro de vida e seguro saúde.
- quando não tem propaganda de remédio ou seguro, então tem de advogados que chamam clientes para processarem os médicos ou empresas farmacêuticas. 
- as farmácias são um festival de compre 2 e leve 3. Você entra para comprar uma aspirina e sai com um cestos de remédios. Está tudo a disposição nas prateleiras e quanto mais você compra, menos você paga proporcionalmente. 
- Para um mesmo medicamento, muitas vezes há diferenciação na quantidade do componente ativo. Ainda não aprendi a diferença de qual medicamento é mais forte quando tenho as opções: "Extra Strength", "Ultra Strength", "Maximum Strength", entre outras hipérboles. Tenho sempre que consultar as informações da composição para poder concluir qual é o mais forte.
Veja exemplos de medicamentos para dores musculares:

ADVANCED
EXTRA Strengh
MAXIMUM Strengh 
EXTRA Strengh
ULTRA Strengh

3 comentários:

  1. oi Carol, muito legal teu blog. Concordo com alguns pontos e discordo de outros.
    Pela ordem: aqui é mesmo caro demais e a saúde é tratada como um outro serviço qualquer, sem a devida humanidade, via de regra com menos emoção e mais razão. Melhor, pior? Depende.
    As vezes um diagnóstico racional, direto no ponto, te salva. Por outro lado pra muita gente
    sem o lado humano não vale a pena ser tratado.

    Como no Brasil, dentista tem um plano separado de médico. Ao contrário do Brasil, aqui “Oftalmologia” é tratada separadamente. Também acho estranho, parece como você disse uma cirugia sem anestesia, pra mim não faz sentido.

    Antes de vir para cá assisti “Sicko” de Michael Moore. Me preparei para o pior. De lá pra cá apesar de algumas mudanças positivas (e.g. as seguradores não podem mais negar cliente por problemas de saúde pré-existentes) a indústria farmacêutica ainda dá as cartas.

    Nos EUA há hospitais públicos, o que não significa que sejam de graça. Estão em diminuindo na quantidade ao longo dos últimos anos. Nasci num deles e até onde consta o pagamento foi
    através de informação, de coleta de dados do recém-nascido (eu) e da minha mãe.
    Na época era comum que se trocasse amamentação natural por “Formula”. Como parte
    do “pagamento” minha mãe era obrigada a ir contra a maioria, obrigada a me amamentar e ir com frequência às consultas médicas. Dinheiro mesmo não se usou, consta que nem tinham. Hospital público em uma Universidade Estadual americana, mas não de graça.

    Como aqui os estados têm mais autonomia, o tal “welfare” state também se manifesta de formas diferentes. No Hawai’i o governo tem seu plano de saúde que cobre as despesas de quem prova que não pode pagar. Já as empresas a partir de certo tamanho são obrigadas a pagar o plano de saúde dos funcionários. Portanto o Obamacare não teve muito impacto. Vantagens de se morar em um estado onde houve apenas um(a) governadora Republicana. Ref:
    http://humanservices.hawaii.gov/mqd/

    Aqui se você não tem dinheiro há programas em que o governo te banca. Já se você tem muito dinheiro, esta nossa conversa nem faz sentido porque o problema não existe. No final das contas, me parece que a classe média leva na cabeça. E no bolso. Tem que trabalhar, e muito. Mas posso dizer que paga menos imposto que na terrinha onde vivemos por muito tempo.

    Como país de imigrantes, concordo que os EUA se preocupam muito pouco com os Estrangeiros.
    Na verdade os mantém num limbo. Um colega russo tem duas filhas pequenas. Para a nascida na Rússia ele paga plano de saúde. Para a americana, nada, zero. Ambas tem exatamente o mesmo plano, vão no mesmo médico. O custo de uma sai do bolso dele e da outra do governo através do imposto que ele mesmo paga. No pain, no gain.

    Mudando de assunto, espero vê-los em breve por aqui, quem sabe um dia abrem um consulado permanente no 50th state?

    Aloha,
    edu

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    Respostas
    1. Obrigada pelas tuas contribuições Edu. E não precisa mesmo concordar com tudo escrito aqui. ;-)
      Quanto a visita ao Havaí, não sei quando isso será possível, já que é quase a distância e o custo para ir ao Japão! hehehe
      Saudações de DC!

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  2. Gostei do Blog sou das humanas Geografia , e amei gostaria de conhecer pelo Facebook... você tem Caroline? O meu Facebook é Elias Moisés ...estou com fotos na praia de Alagoas.

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