23 de novembro de 2013

Jeda e o Mar Vermelho



Como toda cidade litorânea, Jeda, na Arábia Saudita, é uma cidade mais "liberal". Claro que ninguém vai ver mulher de mini saia, mas no conceito estrito islâmico do país, a cidade é quase uma perversão.
Aqui, mulheres desfilam com abayas coloridas e/ou típicas de outros países árabes africanos ou mesmo do Oriente Médio. Vi mulheres com roupas rosa, azul e estampas de flores. O astral por aí já é bem mais alegre.

Pessoas de Jeda falam mal dos conservadores de Riade e os de Riade falam mal dos liberais de Jeda.
Eu achei normal que alguns homens sauditas conversaram comigo, coisas simples, tipo recomendar um prato típico no café da manhã. No entanto, para minha amiga residente de Riade há quase 2 anos, isso foi coisa que ela nunca tinha visto na capital. Homens de Riade não falam com mulheres estranhas.

Outro fato "super" liberal é de que os restaurantes não tem a segregação de homens para um lado e família/ mulheres para outro. Todo mundo fica junto no ambiente, podendo-se ver inclusive mulheres fumando narguilé. (Nossa!)

Principais atrações da cidade:

Além das inúmeras mesquitas, Jeda tem um belo bazar (souq Al-Alawi) pelas ruas da cidade antiga (Al-Balad). As casas tradicionais antigas são muito belas e entre uma loja e outra, é bacana observar o ir e vir de pessoas de diversas nacionalidades, como iemenitas, etíopes, somalianos, e os próprios sauditas.

A baira mar da cidade (corniche) é especialmente agradável no fim de tarde quando as famílias se reúnem para piqueniques. No fim do dia, também, o maior chafariz do mundo é ligado: o King Fahd Fountain. A fonte lança água do mar vermelho a uma altura superior a 300 metros. Não deixe de ver, pois é muito lindo!

Falando de museus, há um que deve ser visitado pela sua belíssima arquitetura: Al-Tayibat City Museum for International Civilisation. O palácio contém mais de 300 cômodos!

Finalmente, para quem gosta de praia, mar e mergulho, Jeda é o lugar na Arábia Saudita para o assunto. Há algumas praias particulares nos arredores onde homens e mulheres (de biquini!) podem aproveitar juntos o sol. É só um pouco patético de ver os sauditas se aproximando de jet-ski e lanchas até o limite "de segurança" da área, demarcado com bóias para manter a privacidade do local, para dar uma espiadinha. 

Para mergulho, consulte uma das empresas abaixo. Os melhores locais para mergulho no mar vermelho são Jeda, Yanbu, Al-Lith e Farasan Islands.



Mesquita "flutuante" ( Fatimah Azzahra mosque ou floating mosque).



Recipiente típico usado antigamente para oferecer água.

Entrada do Museu Al Tayibat.

Detalhe das casas tradicionais antigas.
Lindos monumentos enfeitam a cidade de Jeda.

Agito no souq de Jeda.

Fonte Rei Fahd: a maior do mundo.


2 comentários:

  1. Adoro seu blog!!! Principalmente quando fala da cultura dos países islâmicos. :D
    Só não entendi muito bem como funciona essa segregação entre homens e mulheres. Eles não podem ficar juntos/próximos em qualquer lugar ou somente em lugares públicos? Eles podem andar juntos na rua? Tipo, não existe uma calçada para homem e outra para mulheres? E homens e mulheres estranhos não podem manter nenhum tipo de contato? Essas são regras morais, religiosas (do tipo, pode até fazer mais não deve) ou são leis ou coisa do gênero?

    Desculpa te encher de perguntas hehehe só curiosidade, mesmo.

    Tenho uma conhecida que morou no Egito por dois anos e ela disse que lá é super normal um homem passar a mão e assediar mulheres. Eu sei que são países diferentes, mas queria saber se você teve algum problema assim, principalmente por ser estrangeira e não usar lenço.

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    1. A regra "geral" islâmica (religiosa) é que uma mulher só deve ter contato (encontros) com homens de sua família e só pode tirar o hijab (traje islâmico) quando todos os homens em sua volta são parentes co-sanguíneos. Exemplo: não deve tirar o hijab nem na frente do irmão do marido, pois ele não é parente de sangue.
      Na prática, cada país segue esta regra diferentemente, e mesmo entre as famílias há diferentes formas de agir.
      Não há problema de mulheres e homens usarem o mesmo espaço (como as calçadas que você mencionou). Neste caso, as pessoas estão de passagem e não há um encontro ou diálogo.
      No Irã a regra não é muito levada a sério, e homens e mulheres vão a restaurantes, parques, etc, mesmo sem serem parentes. Às vezes há fiscalização, mas raramente algo grave acontece, só advertências.
      Morando há quase 3 anos no Irã, nunca nenhum homem me desrespeitou. Se isso acontece, a mulher pode reclamar alto e as pessoas tratarão de colocar o homem no seu lugar (podendo este homem ser até preso).
      E só para corrigir sua última frase: no Irã, mesmo as estrangeiras têm que usar o véu. ;-)

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