24 de novembro de 2012

Feriado de Tasooa e Ashura no Xiismo


Dois dias de feriado marcam uma das datas mais festejadas no Irã. O primeiro dia, tem o nome de Tasooa e o segundo de Ashura, nome principal que identifica o grande feriadão.
Nesta data, os xiitas homenageiam o martírio e morte do Imam Hussein - neto de Maomé - na batalha de Karbala (Iraque). Ele e um pequeno grupo de homens, mulheres e crianças teriam sido massacrados a caminho de Karbala pelo exército de mais de 100 mil homens do Califa Yazid I que reinava a região. Yazid discordava da fé islâmica e teria exigido de Hussein o aceite de seu reinado. Como isso não teria sido aceito por Hussein, ele e seu grupo foram submetidos a privações de água pelo deserto (os rios estavam vigiados) e depois foram brutalmente massacrados. A história xiita conta que Hussein teria sido o último a morrer ainda com seu filho recém-nascido no colo.
Esta tragédia tornou-se um dos símbolos do xiismo muçulmano e os dias de celebrações são bastante marcantes.
Semanas antes do grande feriado as cidades vestem-se de luto. Nas grandes avenidas, faixas pretas por todos os lados, algumas contêm inscrições em letras fosforescentes. Além das faixas pretas, prédios, mesquitas, e ruas são intensamente decorados com luzes de neon verdes, a cor do islã.
Durante os festejos, é tradição a distribuição de refeições, doces e bebidas nas mesquitas e ruas. O trânsito fica ainda mais caótico, pois os carros reduzem sua velocidade para pegar um "lanchinho" com os voluntários nas calçadas.
Animais também são sacrificados no meio das ruas. Degolam vacas, cabras, ovelhas no asfalto e o sangue escorre ali mesmo. Depois distribuem a carne ou fazem grandes banquetes para também oferecer a desconhecidos.
Há ainda cânticos. Músicas de lamúria, com tambores e sílabas que perduram segundos e lembram o sofrimento. No ritmo destes cantos, desfilam jovens e senhores, todos de preto, levantando as mãos para o alto e batendo-as no peito. Também, de posse de um chicote de correntes, chicoteiam-se em movimentos ritmados suas costas. Pode parecer assustador a descrição, mas as correntes são leves e finas, e os homens normalmente colocam panos sobre as costas. A tradição não deixa de ter simbolismos parecidos com a de outras religiões: procissões, penitência, cantos. Há que se ver com os olhos sem preconceito para compreender e respeitar.


Instrumentos para o desfile da Ashura são vendidos no bazar: correntes, adereços verdes e lenços para as costas.

Faixas pretas e címbalos também são vendidos para o feriado.

Aqui ocorria uma encenação teatral da morte de Hussein.

Iranianos almoçam a comida distribuída gratuitamente nas mesquitas.


O vídeo abaixo fui eu quem fiz no centro de Teerã:


PS: este ano, 2012, o feriadão aconteceu nos dias 24 e 25 de novembro.

Um comentário:

  1. A descrição é assustadora, mas é questão de costume. Aqui no Brasil, eu acho as encenações de crucificações bem assustadoras!

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