2 de junho de 2014

Você sabe que está no Vietnã quando:


  • o melhor local para se trocar dinheiro (câmbio) é nas joalherias.
  • o café vietnamita tradicional é com leite condensado.
  • um lanchinho básico entre refeições é pão com leite puro.
  • o prato mais famoso do país é o pho, uma sopa de noodles que pode ser saboreada no café da manhã, almoço e janta.
  • o alfabeto deles não é um monte de letras/ símbolos indecifráveis: é o alfabeto latino podendo ter mais de um acento no mesmo caracter.
  • as casas tradicionais são muito estreitas na parte da frente e são chamadas de casas "foguete". O motivo deste padrão é que o imposto de moradia é cobrado proporcional a largura da frente da residência e não ao metro quadrado ocupado.
  • você quase não vê cachorros na rua. Comer carne de cachorro trás sorte. (!)
  • os restaurantes mais populares estão espalhados pelas calçadas, e o cliente senta-se em banquinhos de 20 cm de altura.
  • apesar do calor, as pessoas andam nas ruas completamente cobertas, com casacos compridos, luvas e máscaras para se proteger do sol. A cor de pele branca é associada a beleza.
  • é comum ver vendedores de frutas carregando 2 cestos pendurados na ponta de uma vara.


Casas foguete.


Muita roupa para se proteger do sol.

Observe que aqui a jaqueta já vem com extenção para às mãos. Item muito popular a venda no Vietnã.

27 de março de 2014

Você sabe que está em Myanmar (Birmania) quando:



  • todo estabelecimento, especialmente restaurantes, emite notas fiscais detalhadas, em inglês e preenchidas a mão. Muitos carimbos também validam o documento.
  • a roupa tradicional tanto para homens como mulheres é uma saia comprida chamada longyi. A diferença aos vestir-se é apenas a forma de amarrar.
  • o calçado tradicional é um chinelo de palha com as alças de veludo preto. Há ainda uma variante com toda a sandália forrada de veludo.
  • toda comida birmanesa tem muito alho e amendoim.
  • os móveis tradicionais são feitos de madeira teka.
  • o artesanato famoso no país são os utensílios feitos de laca.
  • crianças e mulheres (eventualmente jovens rapazes) passam uma "maquiagem" no rosto que parece uma lama branca. Com o tempo, você até acha que é bonito.
  • no trânsito, carros dirigem nas faixas da direita, no entanto, os automóveis do país são no estilo "inglês", com o volante a direita. Alguns ônibus possuem um "ajudante de motorista" na janela da esquerda para ajudar nas ultrapassagens.
  • para chamar a atenção de alguém (pedir licença, por exemplo, ou chamar o garçom) é tradição fazer o som de beijos com os lábios.

Maquiagem tradicional birmanesa.

Notas fiscais detalhadas e escritas a mão, com muitos carimbos.

O longyi (uma espécie de saia) é a roupa tradicional de Myanmar,
tanto para homens quanto mulheres.



18 de março de 2014

Livros e filmes sobre Myanmar (Birmânia)


Livros:

Crônicas Birmanesas (Burma Chronicles)
Guy Delisle

Um quadrinho super legal de um expatriado que viveu no país. O cartunista apresenta fatos cotidianos com muito bom humor e perfeita descrição do país. O livro tem na versão em português, mas é de fácil compreensão no original em inglês.






Dias na Birmania (Burmese Days)
George Orwel

Primeiro livro de George Orwel, este romance foi escrito em 1934, mas baseou-se na experiência pessoal quando viveu em Myanmar entre 1922 e 1927. Além do descritivo rico da vida no país nesta época (quando era uma colônia inglesa), o autor é bastante crítico quanto ao racismo inglês aos povos colonizados. Um livro corajoso para a época em que foi escrito.




Filme:

Além da Liberdade (The Lady)

O filme estreou em 2011 e trata da história real de Aung San Suu Kyi, prêmio nobel da paz de 1991 e que ficou em prisão domiciliar por quase 20 anos. Um filme emocionante da "Mandela" do século 21.








23 de fevereiro de 2014

Blogueiros Brasileiros vão ao Irã e se encontram


Mundo de blogueiro de viagens é mundo pequeno...

Em 2011 troquei mensagens com a blogueira Fernanda Costta, que estava interessada em vir ao Irã para turismo e descobriu meu blog (eu já morava na Pérsia e escrevia sobre o país). O tempo passa e em outubro de 2013, numa curta viagem que fiz aos Emirados, reconheço a também blogueira no parque da Ferrari, em Abu Dhabi. Um pouco tímida, me aproximo para me certificar se era ela mesmo (nunca a tinha encontrado pessoalmente). Confirmada a identidade de ambas, nos abraçamos como amigas que se reencontram depois de muito tempo.

No mesmo mês de outubro de 2013, tive um ótimo jantar em Teerã com os blogueiros Gabriel, Emília e Arnaldo. Todos estavam animados com suas viagens pelo império Persa e faziam previsões do que escreveriam de suas experiências.

Também morando no Irã como eu, o jornalista Samy vem há mais de 2 anos escrevendo sobre o país. (faltou uma foto para também fazer o registro "oficial" dos vários encontros que já tivemos).

A tendência é encontrar cada vez mais brasileiros vindo e falando/ escrevendo sobre o Irã. E o tom é positivo, sempre desmistificando o que a mídia insistiu em negativar ao longo das últimas 3 décadas.

Caso queiram ver o que estes blogueiros escrevem sobre o Irã, acessem:

Viaggio Mondo - blog da Fernanda Costta
Gabriel quer viajar - blog do Gabriel Britto
A Turista Acidental - blog da Emília
Fatos e Fotos - blog do Arnaldo
Um brasileiro no Irã - blog de Samy Adghirni

Também recomendo o link da blogueira Janaina, que ainda não conheci pessoalmente: Chá de Lima da Pérsia


Eu e Fê Costta em encontro inesperado nos Emirados Árabes.

Da esquerda para a direita: Arnaldo, Emília, Márcia, eu e Gabriel.




14 de dezembro de 2013

Tomando chá no Irã



Há arte por trás de um simples chá.
Simples para nós brasileiros que estamos acostumados a tomar café, e quando nos aventuramos no chá, ele é normalmente de "saquinho", daqueles que você coloca na água quente e fica pronto em 3 minutos.
Obviamente existem chás de saquinho no Irã, mas estes não são os melhores chás que você vai beber no país.

Chá bom é o feito no samovar!

O que é SAMOVAR?

Samovar é um utensílio para fazer, normalmente, chá. Sua origem é russa, mas foi incorporado na cultura iraniana há pelo menos 2 séculos, com samovares feitos a mão e ornamentados com desenhos persas.
Antigamente a água era aquecida com carvão, mas hoje há samovares elétricos.
Há dois recipientes no samovar. Na parte inferior (normalmente de metal) fica a água quente. Na superior (em um pequeno bule de porcelana) fica o chá concentrado que é aquecido apenas com o vapor da água na parte inferior, ou seja, a erva não queima! Deve-se misturar ambos os conteúdos para obter-se um bom chá.


Detalhes importantes na arte de tomar chá na Pérsia:

  • O chá é servido em copinhos de vidro transparentes. Isso porque iranianos gostam de avaliar a cor do chá e ver se ele está na concentração adequada.
  • Iranianos não gostam de tomar chá com açúcar refinado. Eles usam cubos de açúcar que são colocados dentro da boca e ali permanecem enquanto vão bebendo o chá. Ou seja, o chá é adoçado dentro da boca! 
  • Muito popular são também uns pirulitos de cristais de açúcar, alguns de cor amarelada por terem adição de açafrão. Você molha o pirulito no chá para os cristais se soltarem. Da mesma forma que os cubos de açúcar, os cristais ficam na boca e não no copo de chá. 
  • O chá dá energia e eles tomam várias vezes ao dia.


Curiosidades do cotidiano:

  • Não é difícil que um taxista não tenha lugar para sua mala no bagageiro, pois o espaço está ocupado com um mega "kit chá" para passar o dia, com direito a garrafa térmica, copos, caixa de açúcar, biscoitos e um tapete para sentar e apreciar a bebida.
  • Qualquer serviço que você contrate em sua casa deve prever rodadas de chá. Trabalhadores de empresas de mudança, faxineiras, e técnicos para qualquer tipo de serviço que vão permanecer em sua residência por mais de uma hora esperam ter chá para dar energia e poder continuar as atividades.
  • Você entra em uma loja e os empregados estão tomando chá, volte outra hora ou conforme-se sozinha procurando o que procura: eles não vão parar de tomar o chá para lhe atender.
  • É super popular que os bules de chá tenham a foto do Qajar (dinastia anterior ao Xá/ Rei).
  • Não confunda "Xá ou Shah" com "Chá", apesar da pronúncia ser a mesma no português. O primeiro é o título dado aos reis que estavam no poder antes da revolução islâmica, o segundo, obviamente, é a bebida. A pronuncia em farsi de chá é: "tchaí" (transliterado para o português).




Kit super tradicional: copo de vidro, açúcar em cubos ou em cristais (pirulito), porcelanas com foto do Qajar.

Samovar


7 de dezembro de 2013

Luxo Saudita


Você quer luxo e pode pagar?
Bem vindo a Arábia Saudita!
Aqui você tem acesso às mais diversas grifes internacionais, muito ouro e hotéis hiper-luxuosos!

Há quem pense que as lojas vendem só abayas pretas e lenços. Apague este preconceito!
Na vida privada as sauditas vestem-se de forma muito elegante e elas querem o que tem de melhor no ocidente. Para ajudar no mundo maravilhoso das compras, o país é tax free!!!! Isso mesmo! Preços sem impostos. Mas é claro que nem assim Dior, Chanel, e companhia estão acessíveis para os bolsos da classe média. Para os mortais também há todas aquelas lojas bacanas que fazem a festa dos brasileiros nos EUA.

Lojas de bijouterias eu nem vi no país. Em compensação o ouro era tanto que cheguei a pensar ser falso. O que são aquelas jóias? Deve dar uma boa dor muscular usar tanto peso no corpo. No Brasil assaltante nem ia se dar o trabalho de roubar pois certamente acharia que era ornamento de fantasia de carnaval.
OK, para o gosto mais discreto, também é possível encontrar peças lindas e pequenas! E o preço é praticamente só do peso do ouro mesmo. O trabalho artesanal de fazer a peça nem é cobrado! Escolha sua jóia, pese e leve! Simples assim.

E para descansar das compras, há hotéis de luxo que parecem museu!
Tenho 2 para recomendar:

Em Riade: 

The Ritz Carlton
http://www.ritzcarlton.com/en/Properties/Riyadh/Default.htm

Em Jeda:

Qasr Al-Sharq
http://www.qasralsharqjeddah.com
* decorado pelo mesmo designer que trabalhou no hotel Burj Al-Arab em Dubai.

Ambos os hotéis aceitam visitantes e você pode desfrutar dos diversos restaurantes que cada um dispõe.

Aqui o lado brega pegou...

Lojas de ouro

Lojas de ouro - olha o tamanho dos braceletes!!

Magnífico lustre de 12 metros do hotel Qasr Al-Sharq


Parte externa do hotel Ritz Carlton - Riade.

Parte interna do hotel Ritz Carlton - acesso aos restaurantes (parte superior) e piscina (inferior).


30 de novembro de 2013

Madain Saleh - a verdadeira jóia da Arábia Saudita!


Depois do famoso filme Indiana Jones e a última cruzada todo mundo conhece ou pelo menos já viu imagens de Petra (na Jordânia) e suas ruínas deixadas por um civilização anterior a Cristo, os Nabateus (ou Nabatean). Hoje a Jordânia é um destino popular e muito visitado por turistas.

Poucos sabem, no entanto, que há um outro lugar mais ao sul de Petra e já em território Saudita, em que construções de mesma beleza foram feitas por estes povos. O local chama-se Madain Saleh.

Há quem diga que Petra é mais bonita pelas esculturas serem mais detalhadas.  Pode ser, mas estas mesmo esculturas não são 100% originais destes povos: os romanos interviram nestes locais, colocando suas "marcas" artísticas. Em Madain Salah, as cavernas esculpidas nas rochas não foram alteradas por nenhum outro povo e outra vantagem é que quase não há turistas! Você chega de carro em todos os pontos principais a serem visitados (diferente de Petra que você tem que andar muito) e aprecia a paisagem sozinho com os antigos espíritos que ali habitaram.

Tanto em Petra, quanto em Madain Saleh as escavações nas rochas não eram com o propósito de serem as moradias, mas sim tumbas! E são muitas! Em Madain Saleh listam-se 131 túmulos, de diversos tamanhos e ornamentos.


Tumba Qasr Farid, uma das mais famosas de Madain Saleh, 




Detalhe da arte.

Tumbas por dentro.



Outros atrações para visitar:

  • Al-Ula (cidade antiga) - é uma das cidades antigas mais piturescas da Arábia Saudita. A cidade é associada a várias passagens bíblicas como a cidade de Dedã (Isaias 21:13 e Ezequiel 27:20-21). Apesar de muito antiga e suas casas serem feitas de tijolos e barro, a cidade permaneceu ocupada até meados da década de 70. Nosso guia local mostrou-nos onde morava sua avó.

A esquerda, a antiga cidade de Al-Ula.
Centro: cidade nova com casas brancas.
Direita: fazendas de tâmaras.
  • Deserto - fazer um safari no deserto é uma aventura! Bons motoristas atingem de 80 a 100 km/h nas dunas e nem pense em se aventurar sozinho nestas áreas, pois o perigo de se perder, ter o carro preso nas dunas e morrer com a desidratação não é pequeno. Peça para seu pacote incluir um café árabe ou um churrasco/ almoço no passeio.
Os deserto no entorno de Al-Ula tem cânions maravilhosos.

Pedra Elefante


Como chegar:

Aviso prévio: O mais difícil é conseguir o visto para a Arábia Saudita, pois você precisa de uma carta convite de um residente do país. Nem pense em planejar sua viagem no reino sem antes ter certeza do visto! Lembre-se: a Arábia Saudita é um dos países mais fechados para o turismo do mundo!!

Voe até Medina e alugue um carro. Serão cerca de 3 horas na estrada até chegar na cidade de Al-Ula, onde você deve se hospedar para ver as atrações do local: a cidade antiga, a museu (nada demais) e Madain Saleh.


Hotéis em Al-Ula (há somente 2 até o momento):

Arac Hotel Al-Ula
www.arac.com.sa

Madain Saleh Hotel and Resort
www.mshotel.com.sa



Pacotes de turismo:

Os próprios hotéis citados anteriormente oferecem pacotes, com transfer e guias para diversos lugares da região, inclusive safares no deserto.

Opção de operadora:

Amazing Tours
http://www.amazingtours.info/

Outro contato de guia recomendado pelo Lonely Planet é:

Hamid Al-Sulaiman
055-435 3684
hamed699@yahoo.com


23 de novembro de 2013

Jeda e o Mar Vermelho



Como toda cidade litorânea, Jeda, na Arábia Saudita, é uma cidade mais "liberal". Claro que ninguém vai ver mulher de mini saia, mas no conceito estrito islâmico do país, a cidade é quase uma perversão.
Aqui, mulheres desfilam com abayas coloridas e/ou típicas de outros países árabes africanos ou mesmo do Oriente Médio. Vi mulheres com roupas rosa, azul e estampas de flores. O astral por aí já é bem mais alegre.

Pessoas de Jeda falam mal dos conservadores de Riade e os de Riade falam mal dos liberais de Jeda.
Eu achei normal que alguns homens sauditas conversaram comigo, coisas simples, tipo recomendar um prato típico no café da manhã. No entanto, para minha amiga residente de Riade há quase 2 anos, isso foi coisa que ela nunca tinha visto na capital. Homens de Riade não falam com mulheres estranhas.

Outro fato "super" liberal é de que os restaurantes não tem a segregação de homens para um lado e família/ mulheres para outro. Todo mundo fica junto no ambiente, podendo-se ver inclusive mulheres fumando narguilé. (Nossa!)

Principais atrações da cidade:

Além das inúmeras mesquitas, Jeda tem um belo bazar (souq Al-Alawi) pelas ruas da cidade antiga (Al-Balad). As casas tradicionais antigas são muito belas e entre uma loja e outra, é bacana observar o ir e vir de pessoas de diversas nacionalidades, como iemenitas, etíopes, somalianos, e os próprios sauditas.

A baira mar da cidade (corniche) é especialmente agradável no fim de tarde quando as famílias se reúnem para piqueniques. No fim do dia, também, o maior chafariz do mundo é ligado: o King Fahd Fountain. A fonte lança água do mar vermelho a uma altura superior a 300 metros. Não deixe de ver, pois é muito lindo!

Falando de museus, há um que deve ser visitado pela sua belíssima arquitetura: Al-Tayibat City Museum for International Civilisation. O palácio contém mais de 300 cômodos!

Finalmente, para quem gosta de praia, mar e mergulho, Jeda é o lugar na Arábia Saudita para o assunto. Há algumas praias particulares nos arredores onde homens e mulheres (de biquini!) podem aproveitar juntos o sol. É só um pouco patético de ver os sauditas se aproximando de jet-ski e lanchas até o limite "de segurança" da área, demarcado com bóias para manter a privacidade do local, para dar uma espiadinha. 

Para mergulho, consulte uma das empresas abaixo. Os melhores locais para mergulho no mar vermelho são Jeda, Yanbu, Al-Lith e Farasan Islands.



Mesquita "flutuante" ( Fatimah Azzahra mosque ou floating mosque).



Recipiente típico usado antigamente para oferecer água.

Entrada do Museu Al Tayibat.

Detalhe das casas tradicionais antigas.
Lindos monumentos enfeitam a cidade de Jeda.

Agito no souq de Jeda.

Fonte Rei Fahd: a maior do mundo.


16 de novembro de 2013

Nas arábias!


A chegada / introdução a Riyade

Pouco mais de um século atrás, Riyade era uma pequena vila formada ao redor de um wadi no meio das dunas intermináveis da Arábia Saudida. A palavra "Riyade", significa jardim, e foi assim batizada pelo oásis verde que existia no local.  Hoje a cidade é uma grande metrópole, sustentada basicamente pelo petróleo descoberto no país. De vilas pobres, o país tornou-se uma grande nação rica em poucas décadas. Os prédios impressionam e as marcas mais famosas do mundo estão presentes nos shoppings centers. Lojas de ouro, então, nem se fala! As sauditas adoram ganhar e comprar ouro, um dos poucos bens garantidos a elas na herança.

Há de tudo na cidade. Só não há mais água suficiente para todos. O antigo oásis não abastace mais que 10% do consumo da capital. O petróleo paga pelo processo de desalinização da água do mar e o posterior bombeamento até o centro do país. Assim a cidade prossegue em seu crescimento "artificial", já que seria natural que as populações estivessem concentradas no litoral.

Logo que cheguei em Riyade, recebi algumas abayas (manto preto comprido) emprestadas de uma amiga. Sem um exemplar do modelito não é possível circular no país. Mas diferente do Irã, na Arábia Saudita estrangeiras não usam véu. Fiscais religiosos bem que tentam impor o uso do véu, mas eles são poucos comparado com a enorme população de expatriadas que insistem em manter os cabelos a mostra. Durante a minha viagem pela Arábia Saudita eu não tive a "sorte" de encontrar nenhum destes religiosos e com meus cabelos ao vento recebi até elogios de mulheres sauditas que adoram um cabelo liso (a maioria delas tem os cabelos crespos).

Confesso que algumas diferenças culturais são bastante chocantes inicialmente. O fato de mulheres serem proibidas de dirigir é bizarro, mas várias notícias apontam que esta restrição cairá em breve. Não será uma vitória exclusivamente feminista; o fato é que os direitos trabalhistas estão se aprimorando no país, inviabilizando financeiramente as famílias de terem motoristas para as mulheres. Então a solução será mesmo liberá-las para dirigir por razões econômicas, isso sim.



Vida in-door:

Assim como o Canadá está preparado para o frio extremo, a Arábia Saudita está preparada para o calor, que pode chegar a temperaturas acima dos 50 graus Celsius no verão. Tudo é construído para ser in-door e com MUITO ar condicionado. A refrigeração é tanta, que só a abaya não dá conta de se proteger do frio. É bom levar um casaco extra na bolsa mesmo no verão, just in case.

Passear no shopping pode ser divertido culturalmente. Em muitos, há um andar somente para mulheres. Escadas e elevadores de acesso são controlados por policiais e após passar por esta segurança você chega a um verdadeiro "clube de mulheres". No andar exclusivo, mesmo as mais religiosas, tiram seus véus e desfilam com roupas ocidentais. Naturalmente, todo o serviço no local é feito por mulheres, desde as atendentes das lojas ao pessoal da limpeza.


Povo sério e repressor?

Árabes tem ótimo senso de humor e tive o privilégio de conversar com muitos deles em eventos privados. Eles logo engatam um bom papo, com muitas piadas divertidas. E as mulheres, não tem papas na língua entre elas, mesmo quando o assunto é de caráter SUPER pessoal. Estas mesmo mulheres que nestes eventos privados estavam de tubinhos justíssimos, maquiagem e salto alto, são as que nas ruas vemos de abaya e niqab (a vestimenta que deixa apenas os olhos de fora)! A sociedade saudita é intrigante!

Kingdom Tower - o maior e mais novo prédio símbolo de Riade.
Neste há um shopping com andar exclusivo para as mulheres.
Al-Faisaliah Tower - o primeiro prédio moderno que tornou-se símbolo de Riade.
O complexo tem hotel, restaurantes, escritórios e um shopping center. 

As casas são pintadas em tons do "deserto": branco ou bege.

Cidade vista do "sky bridge" da Kingdom Tower.

Apesar da modernidade da cidade, o traje tradicional árabe é vendido e usado largamente.

Esquerda: casa na cidade antiga que está sendo restaurada e eu no modelito "abaya".
Direita: detalhe de lamparina na mesquita do museu Nacional. 


9 de novembro de 2013

Você sabe que está na Arábia Saudita quando:



  1. Os homens vestem branco dos pés a cabeça e as mulheres vestem preto.
  2. Todos os motoristas são homens.
  3. Usar bengala não é sinal de fraqueza ou velhice: é um símbolo de poder.
  4. Ser magra é feio. Bonitas são as gordinhas.
  5. Entre mulheres, as sauditas adoram falar de sexo e deixam qualquer estrangeira no chinelo com suas histórias picantes. 
  6. Não importa em que loja chique você está, na hora de rezar o comércio fecha, e você escolhe se que ficar do lado de dentro ou de fora durante os 20 minutos (aproximadamente) das orações.
  7. Nas lojas de langerie os funcionários que atendem são homens.
  8. Todo mundo tem um app no celular para avisar do horário da reza (que muda de acordo com a duração da luz solar diária no ano) para poder se programar nas compras e não perder tempo.
  9. Os shoppings centers tem andares exclusivos para mulheres com toda a equipe de vendedoras e faxineiras mulheres.
  10. Você vai a um restaurante e tem uma porta com a placa "Single Entrance" (só para homens) e Family Entrance (homens acompanhados de mulheres ou só mulheres).
  11. Você dita sua senha do cartão ao lojista sem receio que o cartão será clonado. (o mesmo acontece no Irã)
  12. Toda conversa com um árabe vai ter várias vezes as palavras: Inshallah (se Deus quiser), Mashallah ("benza Deus") e Ramdulillah (graças a Deus).
  13. É um pouco temeroso ouvir o piloto de uma aeronave anunciar no alto falante estas palavras acima no contexto: "Chegaremos ao destino X em 2 horas, Inshallah". Ou ao aterrissar: ""Chegamos ao destino X, ramdulillah!"
  14. O café tradicional não é preto e sim verde amarelado!

Placa em shopping proibindo a passagem de homens.

Na Arábia Saudita é obrigatório o uso de abayas negras pelas mulheres.
Os homens também se cobrem, mas tem o benefício da roupa ser branca.

O café árabe é feito com grãos de café ainda verdes. Por isso tem esta cor.



Da mesma série de postagens:

Você sabe que está no Irã quando...
Você sabe que está em Omã quando...
Você sabe que está no Paquistão quando...

2 de novembro de 2013

Livros e filmes sobre a Arábia Saudita


Livros

Apresento abaixo uma pequena lista de livros que falam sobre a Arábia Saudita, tanto em português quanto em inglês. Todos foram lidos por mim e por uma amiga, já triados entre os melhores que lemos sobre o assunto.


Princesa - a História Real da Vida das Mulheres Árabes por trás de seus negros véus.
Autora: Jean Sasson
Livro 1 da trilogia.

Esta trilogia prende a atenção do leitor do início ao fim, contando diferentes casos da vida de mulheres das mais diferentes classes sociais da Arábia Saudita.





As filhas da Princesa
Autora: Jean Sasson
Livro 2 da trilogia.










Princesa Sultana
Autora: Jean Sasson
Livro 3 da trilogia.










Sob a sombra do terror
A vida oculta de Osama bin Laden revelada por sua esposa e seu filho.
Autora: Jean Sasson (co-autores: Najwa bin Laden e Omar bin Laden)








Nine Parts of Desire
The Hidden World of Islamic Women
Autora: Geraldine Brooks

A jornalista do Wall Street Journal, viveu por viveu por 6 anos no Oriente Médio e apresenta neste livro a complexidade da vida islâmica, especialmente para as mulheres. As histórias não se limitam apenas à Arábia Saudita, mas também a vida das mulheres no Irã, Etiópia, entre outros países. 





Inside the Kingdom: My life in Saudi Arabia
Autora: Carmen Bin Laden


Os livros desta escritora, estão entre os que menos "viajam". Falam da Arábia como ela realmente é, descrita pela autora que viveu no país dentro de uma das mais poderosas famílias do Reino.





The Veiled Kingdom
Autora: Carmen Bin Laden










Slaves of Saudis
Autor: Joy C. Raphael

Nas palavras de minha amiga: "conta a histórias de vários empregados, motoristas que largaram suas vidas e vieram pra cá para sofrer humilhações, desprezo, etc. O que o autor conta não deixa de ser verdade mas ele exagera e romantiza MUITO!"






Filmes:


Lawrence da Arábia - filme de 1962 e que ganhou vários Oscar.




Documentários:


Anthony Bourdain - Parts Unknown - Saudi Arabia




Related Posts with Thumbnails